Turnover no Brasil é um dos maiores do mundo; metade dos brasileiros já sofreram algum tipo de assédio no ambiente de trabalho; e as doenças mentais são a terceira maior causa de solicitações de auxílio-doença no INSS
Hoje comemoramos mais um Dia Mundial do Trabalho, mas é claro que bem diferente dos outros anos, já que a COVID 19 está sendo responsável por fazer uma mudança radical em nossa rotina, inclusive a de trabalho. Percebemos que é possível trabalhar em Home Office sem prejudicar a produtividade, trazendo maior benefício tanto para a empresa, que gasta menos com estrutura, quanto para o funcionário, que tem uma qualidade de vida melhor.
Mas hoje é também um dia de reflexão. Será que o mercado corporativo brasileiro tem mudado e inovado assim como as empresas mais jovens quem vem surgindo no mundo todo? Principalmente com relação ao seu principal ativo, seus colaboradores? O Brasil, por exemplo, era o atual campeão no índice de turnover mundial no ano passado, segundo uma pesquisa realizada pela Robert Half, empresa de recrutamento e seleção presente em mais de 20 países.
Turnover nada mais é do que a rotatividade de funcionários que entram e saem das empresas, essa taxa, segundo a pesquisa aumentou em 82% de 2012 para 2014 por aqui. Segundo o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), esse índice atingiu os 40% em empresas nacionais.
QUAIS AS PRINCIPAIS CAUSAS DE TURNOVER?
Infelizmente o capital humano, extremamente importante para a performance de uma empresa, nem sempre é valorizado como se é esperado, causando certa frustração e fazendo com que o indivíduo continue trocando de ambiente de trabalho até se encontrar na carreira. Entre as principais causas da alta rotatividade está a cobrança por resultados muitas vezes intangíveis que provocam desgaste físico e psicológico, cultura organizacional tóxica, falta de oportunidades e reconhecimento do trabalho, remuneração baixa e liderança ruim.
Se a sua empresa está com o índice de turnover acima de 5% acenda o farol vermelho, pois especialistas do setor dizem que essa marca é uma média aceitável, ou seja, ainda não é o ideal. Algumas empresas podem não perceber, mas há prejuízos não só para os funcionários, a organização acaba tendo gastos maiores com rescisões, novas contratações, treinamentos e etc.; a perda de talentos que poderiam contribuir mais com o crescimento da empresa; perda de conexão com a carteira de clientes; entre outras coisas.
A FAMOSA DIFERENÇA ENTRE CHEFE X LÍDER
Certa vez eu ouvi de um ex-chefe que não existe esse “negócio” de diferença entre chefe e líder como todo mundo comenta. Será? Esse foi o meu primeiro dia na empresa que contribuiu para que eu ficasse doente e parasse na estatística de pessoas afastadas do trabalho por causa da depressão.
Você pode ser um líder sem necessariamente ser chefe, ou seja, você pode ter todas as características, mas não ter um cargo em que chefia outras pessoas. Mas todo chefe deveria ser um líder. Algumas pessoas são líderes natas, mas você também pode desenvolver essa habilidade.
Vamos lá, qual é a diferença então? Veja algumas características de um bom líder:
É uma pessoa que tem empatia;
Possui uma comunicação eficaz;
É admirado por seus colegas e equipe;
Sabe como motivar e incentivar os outros;
Serve de exemplo de como liderar;
Partilha as conquistas com todos da equipe;
Compartilha conhecimento;
Sabe ouvir e apoiar ideias de sua equipe.
Mas e o chefe?
São pessoas centralizadoras e autoritárias;
Não partilham os resultados obtidos com a equipe;
Mas quando algo dá errado busca culpar um responsável;
Não é respeitado pela equipe e sim temido;
Visa apenas os resultados e lucros, não se preocupa se a equipe está satisfeita;
Dificilmente está aberto a sugestões;
Não se preocupa em transmitir conhecimento.
A palavra “chefe” também significa aquele que tem uma posição de autonomia e pode tomar decisões pela empresa, ou seja, essa pessoa tanto pode ter características de um líder ou de chefe arcaico.
COMO O AMBIENTE DE TRABALHO TEM AFETADO O TRABALHADOR BRASILEIRO?
Primeiro falei sobre o turnover nas empresas, descobrimos os vários motivos dessa rotatividade por parte dos funcionários, sendo um deles os problemas com líderes ruins. Agora você já sabe identificar um bom chefe e um mal chefe. Mas muitas vezes não conseguimos fugir de certas situações no mundo corporativo, pois quando entramos em uma empresa nova é tudo maravilhoso até vivenciar suas rotinas do dia a dia com colegas de trabalho e seu líder. Assim como todos, tive líderes simplesmente brilhantes e outros não muito bons; além disso, o ambiente de trabalho também é muito importante para nos sentirmos bem ou não.
Pensando no foco do FLUIRDAMENTE, venho trazer um alerta, que ficou ainda mais evidente depois da matéria divulgada por mim ontem, a ocorrência de assédio moral e sexual no ambiente corporativo que, segundo pesquisa feita pelo site Vagas.com, é de 52% e, em sua maioria (84%) são praticadas por chefes diretos das vítimas ou cargo mais alto dentro da hierarquia da empresa.
A grande questão é que a maioria das pessoas não denuncia esse assédio por medo de perder o emprego (39%) ou por achar que sofrerá algum tipo de represália (32%). Ainda segundo a pesquisa, esse medo tem fundamento, pois entre aqueles que denunciaram, 20% foram demitidos e 18% sofreram algum tipo de perseguição.
Segundo o Ministério da Saúde, transtornos mentais e comportamentais eram a terceira causa de afastamento do trabalho em 2017, correspondendo a 9% da concessão de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez e a depressão é a doença que mais afetou esses brasileiros (31%), seguidos de outros transtornos de ansiedade (18%).
Por isso eu disse no começo que hoje seria um dia de reflexão, o que será que as empresas brasileiras estão fazendo para mudar esse cenário? Em que os trabalhadores sempre mudam de trabalho por estarem desmotivados, além daqueles que estão ficando doentes.
Fontes: Xerpa, IBC Coaching, Site Ware, EADBox, Site Administradores, Voitto, Vagas.com,BBC, Ministério da Saúde
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