Você nem deve saber o que é isso, mas ela surge exatamente depois de um longo período de confinamento como o causado pelo corona vírus
Imagem: Freepik/prostooleh
Eu sei que esse assunto de pandemia, isolamento social e COVID 19 já está saturado, muitas pessoas estão fugindo de notícias sobre o tema justamente para se manter equilibrado e não se apavorar devido ao cenário mundial e, principalmente, no país. Mas, felizmente, as estatísticas vêm mostrando um sinal de chegada ao platô da doença por aqui, apesar de algumas regiões, como o centro-oeste e sul, estarem passando por uma situação mais crítica atualmente.
Muitas cidades já estão na fase amarela, em que é permitida a abertura de alguns comércios não essenciais, como shoppings, bares, restaurantes, academias e etc., mas será que está todo mundo preparado psicologicamente para voltar a sair de casa? Segundo a neuropsicóloga Lucia Moyses, algumas pessoas podem estar passando por um fenômeno natural chamado Síndrome da Cabana. Mas afinal, o que é isso?
A SÍNDROME DA CABANA
Faço a pergunta de novo: será que está todo mundo preparado psicologicamente para voltar a sair de casa? Algumas pessoas dirão: “Lógico que sim, não aguento mais ficar isolado”, “quero ver gente, passear, encontrar meus amigos...”. Mas, por incrível que pareça, algumas pessoas podem ter desenvolvido a Síndrome da Cabana que, apesar do nome, não é um transtorno mental e nem uma doença, mas lembra alguns sintomas da Síndrome do Pânico.
A diferença entre as duas é simples: enquanto a Síndrome do Pânico leva o indivíduo a se isolar do mundo exterior, no caso da Síndrome da Cabana o próprio isolamento faz com que a pessoa tenha pânico. Como assim?
Voltemos ao início, o termo para esse fenômeno surgiu em 1900, ao observarem o comportamento de trabalhadores norte-americanos que se refugiavam em cabanas durante o inverno e, depois, tinham medo de voltar à civilização quando o frio passava, mesmo não havendo nenhum perigo aparente. O mesmo pode ocorrer à medida que as pessoas puderem voltar a sair e frequentar os locais como antigamente, gerando uma tensão, angustia, confusão e pavor.
O que acontece na Síndrome da Cabana é que mesmo sem ameaças imediatas, ou seja, se você sair de casa com máscara, usar álcool em gel, evitar aglomerações, a possibilidade de ser infectado é mínima, mas mesmo assim você só se sente protegido em casa. Segundo Lucia Moyses, algumas pessoas já estão entrando em desespero com a abertura dos shoppings, lojas e o relaxamento do isolamento, desejando que a quarentena não termine. Mas calma, esse medo tem explicação e está em nosso cérebro!
POR QUE SENTIMOS MEDO?
A neuropsicóloga explica que é essa sensação de medo, provocada pelo cérebro, que auxilia o ser humano em sua sobrevivência e adaptação, ou seja, se não sentíssemos medo, não teríamos como nos defender e, provavelmente, morreríamos.
Cientificamente falando, o mecanismo de sobrevivência ocorre no Sistema Nervoso Central (SNC). Quando há uma situação de perigo a informação é levada para o SNC, passando pelo hipocampo – onde ficam as nossas memórias – que vai conferir se aquela informação já existe. Depois, o hipotálamo interpreta o que ocorreu e associa a um perigo. A nossa amígdala – responsável por nossas emoções – alerta o organismo através do medo e então podemos tomar uma atitude para nos salvar de uma situação perigosa.
Imagem: Freepik/rawpixel
Porém, o nosso cérebro pode nos confundir, você pode ter um medo real, imaginário, com relação do futuro ou um medo desproporcional. Quando esse medo não é específico e dura longos períodos, Lucia Moyses explica que se trata de ansiedade, que se não tratada pode levar ao pavor, evoluir para um quadro de síndrome do pânico e o surgimento de fobias.
O que acontece na Síndrome da Cabana é que nosso cérebro já se adaptou ao isolamento social e, agora, com a possibilidade da quarentema terminar, ele terá que passar por uma nova adaptação e surge uma resistência de voltar a vida anterior, porque ele já entendeu que somente em casa estamos seguros e protegidos.
DICAS PARA VOLTAR A VIDA “NORMAL”
Respeite o seu tempo: Não se obrigue, não se cobre, não se culpe. Cada um tem um ritmo diferente e o sentimento é totalmente válido. O importante é não desistir.
Estabeleça uma rotina: Se você tem uma rotina e a segue, significa que você está no controle e pode controlar seus pensamentos e seus medos.
Lembre-se das coisas boas que você tinha e fazia ao sair de casa: Churrasco com os amigos, encontrar a sua família, ir ao cinema com o namorado (a), da cerveja gelada em um domingo de sol, etc. Ou seja, condicione o seu cérebro a lembrar das coisas boas e diminuir progressivamente a resposta do medo.
Não adiantou? Procure um profissional: Não sofra sozinho, procure ajuda ou o seu caso pode agravar para um quadro depressivo grave.
Comments